Chamo de antecipada análise
crítica pelo fato do projeto não ser público. Não houve uma
audiência pública para o devido conhecimento do estudo de viabilidade.
Portanto, corro o risco de cometer várias injustiças. Mas cabe ao leitor me
julgar.
A universidade Federal de Uberlândia, desde o
ano de 2012, vem desenvolvendo um estudo de viabilidade técnica para a
implantação de um novo veículo de transporte público.
Algumas reportagens trataram do
assunto na tentativa de fiscalizar e entender o que está sendo proposto. Alguns
questionamentos em termos das viagens para conhecer países onde tal sistema
funciona. Outras reportagens tratam do atraso da entrega do estudo. Não
entrarei na polêmica destes itens. Um estudo como este tem vários imprevistos
que pode de fato obrigar a sua devida entrega em datas além das esperadas. E o
fato da equipe viajar para o exterior: bom... é imperiosa a necessidade de
analisar como o sistema funciona em outras partes do mundo. Verificar suas
qualidades e limitações.
Por falar nisso, há um trabalho
do Instituo de Geografia, apresentado na cidade de Jataí (GO) comparando o sistema
de transporte público instalado em Uberlândia com o da cidade de Dresden na
Alemanha. Como as cidades têm um número de habitantes bastante próximos, os
Geógrafos Sílvio Barbosa, Cíntia Neves e William Rodrigues fizeram uma análise comparativa
os dois sistemas. Nome do Trabalho: Transporte Urbano em Dresden (Alemanha) e
Uberlândia (Brasil) – uma análise sob a
perspectiva da mobilidade urbana sustentável.
O QUE TEMOS ENTÃO?
No segundo semestre de 2014, algumas
imagens vieram a público apontando o resultado do estudo preliminar. São duas
intervenções:
Seriam inicialmente dois eixos:
1- Um binário
formado pela Av. Floriano Peixoto e Afonso Pena, ligando o hipercentro da
cidade ao Bairro Umuarama.
2- Outro eixo seria ligando o Praia Clube até o
aeroporto – ver mapa imagem 01.
Imagem
01:
locação dos trajetos do VLT
Ao que tudo indica, o sistema em
questão seria muito parecido com as plataformas de ônibus da Avenida João Naves
de Ávila.
CORREDORES DE ÔNIBUS
Na Avenida João Naves de Ávila,
temos um corredor de ônibus em um canteiro central. Nestes canteiros foram
locadas várias plataformas onde o passageiro adentra para pegar o ônibus. Antes
de entrar na plataforma, ele paga o bilhete ao cobrador – ver imagem 02.
Imagem 02: entrada de uma das plataformas de ônibus instaladas na
João Naves de Ávila. À direita, o guichê com o cobrador.
Assim, reduz-se tempo de espera
de um ônibus tradicional, pois a passagem é paga anteriormente e não dentro do
ônibus o que normalmente gera um enorme atraso no embarque.
Outro item a observar é o fato de
que as plataformas estão locadas em canteiros centrais e onde há um eixo ou via
especializada para o ônibus – neste eixo não transita o veículo particular e
nem há espaço para estacionamentos. Não há também comércio voltado ou margeando o corredor de ônibus – ver imagem 03.
Imagem 03: Corredor no canteiro central da
Avenida João Naves de Ávila – em Uberlândia / MG
VLT:
Imagem 04: VLT na Avenida Floriano Peixoto – Provável parada na Praça
Tubal Vilela em Frente ao Edifício Chames
EIXO PRAIA CLUBE – AEROPORTO:
O Corredor que liga o Praia
Clube ao Aeroporto aparentemente está muito bem locado. Teria a Avenida Rondon
Pacheco e Avenida Anselmo Alves dos Santos como principais vias de ligação chegando até ao aeroporto.
Imagem 05: cruzamento Anselmo
Alves dos Santos com a Avenida João Naves de Ávila.
Provável
necessidade de ampliação deste gargalo
O que é ótimo, pois temos neste
eixo canteiros centrais que podem servir de locação para as plataformas de
espera do VLT. Além da possível possibilidade de atender a um grupo que
tradicionalmente utiliza-se do veículo particular para chegar a toda a região
da prefeitura, aeroporto e universidade. O que caracteriza um grande número de
pessoas.
As desvantagens é que estes eixos
normalmente inundam nos períodos de maior chuva – que no nosso caso são os
períodos de dezembro até março. Apesar dos grandes investimentos em limpeza e ampliação da rede de captação pluvial. As avenidas citadas foram dois grandes
cursos de água que foram canalizados e até hoje causam grandes problemas no
que se refere à inundação.
Mas penso que o ponto mais
polêmico do estudo está no eixo Afonso Pena e Floriano Peixoto.
BINÁRIO HIPERCENTRO: AFONSO PENA E FLORIANO PEIXOTO
Na imagem 04, para um leigo desavisado, parece tudo muito bem
resolvido. Mas antes da Praça Tubal Vilela e após a praça, o que temos é uma
quantidade enorme de lojas, bancos e outros tipos de comércio além de
estacionamentos voltados para estas vias. Como já participei de várias discussões
sobre requalificação da área central, me pergunto se a associação comercial de
Uberlândia irá apoiar tal proposta. E se existe prefeito que irá encarar o
impacto político de tamanha mudança. O ex-prefeito Odelmo mudou de ideia após a
mera polêmica da destruição da biblioteca municipal no projeto de
requalificação da área central de Uberlândia.
Entretanto, a intenção não é ruim,
pois é onde também existe uma quantidade de pessoas considerável circulando
diariamente. Mas não seria melhor tal corredor ficar na Cesário Alvim e outro
na João Pinheiro – que já possui um corredor de ônibus?
CONCLUSÃO:
Prós: Acho que equipe foi sagaz
em utilizar uma topografia plana para locar o sistema – já que é uma
necessidade técnica do mesmo.
Contra: Não estão claras as
consequências das intervenções propostas na área central.
Só na audiência pública para
saber. Outra desvantagem é que a perspectiva de devolver os cursos d´água da Av. Rondon Pacheco e Av. Nicomendes Alves dos Santos fica praticamente inviabilizada - não se investirá tamanha quantidade de recursos para futuramente devolver tal bacia hidrográfica ao processos próximos aos da natureza. Mas isso já é uma discussão para a revisão do Plano Diretor de Uberlândia.
Fontes:
Imagem 01: o
autor do texto. Base cartográfica: Cidade Digital
Imagem 05: Google Street View.